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Editorial

No oceano da soberba, cada um quer defender sua própria verdade

A tal da cloroquina e o tal do fascismo, só é meu amigo aquele que concordar comigo.

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O Brasil sextou hoje com a notícia do pedido de demissão do ministro da saúde Nelson Teich, em meio a pandemia de Covid-19. Teich completaria no próximo domingo, 1 mês no comando da pasta, mas decidiu sair antes por divergências com o entendimento do presidente, de que a cloroquina tem que ser de um jeito ou de outro aprovada.

O ministro, que foi resistente ao medicamento, inclusive chegou a dizer: “É o dia mais triste da minha vida. Não vou manchar a minha história por causa do [medicamento] cloroquina”

É verdade que existem temas em que avaliações são absolutas, porém outras são relativas. Enquanto existem pessoas sendo curadas com o medicamento, outras morrem pelo seu uso e efeitos colaterais. Um estudo já mostrou sua eficácia, o maior até agora porém, mostrou que ela é ineficaz. Veja que a cloroquina, virou o grande pivô de uma intensa discussão, do mesmo jeito que uma outra discussão, agora em um assunto totalmente diferente, também tem gerado disputas de gente dizendo que é, e outras dizendo que não é: o suposto fascismo do governo Bolsonaro.

Recentemente, Felipe Neto exigiu que youtubers comentassem sobre política, ao pedir que mais pessoas se posicionem e chamem o presidente de fascista. Para o jovem que gostava de pintar o cabelo de uma cor “diferentinha”, e que foi convidado para o programa de entrevistas Roda Viva aparentemente por criticar o presidente, youtubers de todos os segmentos, seja de games, de maquiagem ou de receitas, devem abrir mão de seu conteúdo, e falar sobre política mesmo que não entendam do assunto. Felipe diz, contudo, que isso é uma deturpação de seu discurso:

O fato é que Felipe virou até notícia por ter dado unfollow em várias celebridades que por não entenderem de política, não quiseram comentar nada sobre o governo. Esses, Felipe chamou de fascistas. Observe agora que Felipe em outro tweet, admite o egocentrismo do discurso do presidente ao querer “cancelar” todo aquele que não concordar com seus posicionamentos.

Veja que Felipe Neto no tweet citado antes disse:

“Tem gente que deturpa meu discurso e diz: “Ninguém deve ser forçado a analisar política se não entende”. Concordo. Por isso não pedi análise política, pedi posicionamento contra ameaças claras de um golpe. Pare de fazer acrobacia mental e assuma: ninguém deve se calar frente à opressão.”

Vamos agora fazer o exercício do contrário? Imagine agora a frase sendo dita por um chefe de estado que quer a todo custo alguém que defenda seu milagroso medicamento:

“Tem gente que deturpa meu discurso e diz: “Ninguém deve ser forçado a analisar cloroquina se não entende”. Concordo. Por isso não pedi análise científica, pedi posicionamento a favor do medicamento. Pare de fazer acrobacia mental e assuma: todos devem aprovar o medicamento que eu quero.”

Felipe e Bolsonaro, tem a plena certeza de que estão certos. Bolsonaro sobre a cloroquina, mesmo não sendo cientista formado, já Felipe sobre o fascismo, mesmo não sendo analista político formado. Felipe Neto no final das contas, acaba kibando o discurso do presidente, e acata para seu grupo, somente aqueles que concordam com ele.

No oceano da soberba, cada um quer defender sua própria verdade.

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